Brasil aposta em etanol e biodiesel para reduzir emissões, valorizar o setor agrícola e fortalecer a segurança energética nacional
A utilização de biocombustíveis em usinas termelétricas vem ganhando força como uma estratégia econômica, energética e ambiental para o Brasil. A inclusão de termelétricas movidas a etanol e biodiesel nos próximos Leilões de Reserva de Capacidade (LRCAP) reflete uma política nacional voltada à transição energética, com potencial para reduzir emissões e tornar a matriz mais resiliente.
O caso da Usina Termelétrica Suape II, em Pernambuco, é emblemático. A Wärtsilä implementará um motor a etanol, tornando-a a primeira usina no mundo a operar com esse combustível. O protótipo terá início em abril de 2026, com duração de cerca de 4.000 horas de testes. A meta é avaliar se o etanol entrega eficiência e confiabilidade comparáveis aos combustíveis fósseis, além de reduzir as emissões de CO₂.
Já o biodiesel também passa a ser reconhecido como alternativa. O LRCAP 2025 permite a participação de centrais térmicas a biodiesel, embora uma decisão judicial tenha suspendido o teto do Custo Variável Unitário (CVU), que limitava a participação dessas usinas. O Ministério de Minas e Energia estuda recorrer, e discute a separação das térmicas por tipo de combustível para maior clareza na competição.
Especialistas alertam para riscos, destacando que a logística e o estoque de biodiesel podem ser insuficientes para operar essas usinas quando contratadas. Além disso, importadores de combustíveis estimam impacto nos preços, pois a maior demanda pode pressionar a cadeia produtiva de biodiesel.
O uso de biocombustíveis em usinas térmicas traz múltiplas vantagens. O etanol, produzido em larga escala no Brasil, promete reduzir emissões de carbono e garantir geração firme durante a seca, além de valorizar o setor agrícola. O biodiesel aproveita resíduos agroindustriais e fortalece a economia circular.
O futuro do setor depende agora da regulamentação eficaz do LRCAP, da definição de estoques e logística, e da execução dos testes em usinas como a Suape II. Se bem-sucedidos, etanol e biodiesel podem se consolidar como pilares da segurança energética nacional e ampliar a participação das energias renováveis na matriz elétrica do país.
Essa tendência coloca o Brasil na vanguarda da descarbonização da geração térmica, integrando fontes renováveis ao sistema e reduzindo a dependência de combustíveis fósseis.
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